I.
A cidade supura feridas,
vê sonhos nascerem e morrerem.
É guardiã dos insones
e dos que se entregam
ao deleite;
é ciente de todas
as desilusões -
se esconde e reaparece
em becos da noite suja.
Tudo não passa de
um panorama paranóico desregrado -
floresce um cancro no
cérebro dos que
queimam.
Os néons da noite
iluminam e trituram
pequenas felicidades e
grandes tristezas.
Prédios, construções e concreto.
É o progresso.
A construção do futuro.
- a cidade se levanta!
É o progresso.
A construção do futuro.
- a cidade se levanta!
Ilha de calor;
gás lacrimogêneo;
coquetel molotov.
- a cidade em sua fúria!
Babacas senis
acreditam ser os donos
da verdade absoluta.
Ruminam memórias,
mas se esqueceram de dar
rumo aos próprios pés.
Cuspo no mesmo chão
em que todos pisam.
Vejo passos cansados e
arrastados.
Melhor dizendo:
passos desiludidos e
variculosos de
todo um esforço para
o bom senso -
e a falta de arte.
Ah! como me enjoa
conhecer tudo isso,
essa espécie que taxa
de tolo quem ainda
acredita na quimera!
No paraíso prometido e
nas escolhas livres.
Que eu tenha a maldição
Que eu tenha a maldição
de sofrer eternamente,
mas não quero me
prostituir por tão pouco.
Oh! Metrópole!
- Os 'insanos' ainda
acreditam nos cães
sarnentos que vomitaram
toda a paranoia ébria
que não serve para consquistar
valores! Tesouros!
Oh! Metrópole!
Ainda prefiro acreditar nos
saltimbancos - os reais
santos.
Nos santos loucos das ruas,
nos loucos santos que acreditam
no que os 'corretos' jamais
imaginaram que existe!
Oh! Metrópole!
Morro por vários dias...
(barco ébrio)