domingo, 27 de novembro de 2011

Metrópole

I.

A cidade supura feridas,
vê sonhos nascerem e morrerem.
É guardiã dos insones 
e dos que se entregam 
ao deleite;
é ciente de todas
as desilusões - 
se esconde e reaparece
em becos da noite suja.
Tudo não passa de 
um panorama paranóico desregrado - 
floresce um cancro no 
cérebro dos que 
queimam.

Os néons da noite 
iluminam e trituram 
pequenas felicidades e 
grandes tristezas.

Prédios, construções e concreto.
É o progresso.
A construção do futuro.
- a cidade se levanta!

Ilha de calor;
gás lacrimogêneo; 
coquetel molotov.
- a cidade em sua fúria!

Babacas senis 
acreditam ser os donos 
da verdade absoluta.
Ruminam memórias, 
mas se esqueceram de dar 
rumo aos próprios pés. 

Cuspo no mesmo chão 
em que todos pisam.
Vejo passos cansados e 
arrastados.
Melhor dizendo: 
passos desiludidos e 
variculosos de 
todo um esforço para 
o bom senso - 
e a falta de arte.

Ah! como me enjoa 
conhecer tudo isso, 
essa espécie que taxa
de tolo quem ainda 
acredita na quimera!
No paraíso prometido e 
nas escolhas livres.
Que eu tenha a maldição 
de sofrer eternamente, 
mas não quero me 
prostituir por tão pouco.

Oh! Metrópole!

- Os 'insanos' ainda 
acreditam nos cães 
sarnentos que vomitaram 
toda a paranoia ébria 
que não serve para consquistar 
valores! Tesouros!

Oh! Metrópole!

Ainda prefiro acreditar nos 
saltimbancos - os reais 
santos. 
Nos santos loucos das ruas, 
nos loucos santos que acreditam 
no que os 'corretos' jamais 
imaginaram que existe!

Oh! Metrópole! 

Morro por vários dias...


(barco ébrio)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

A garota ideal 
dança em seu círculo 
de fogo.
Não se deixa levar 
no jogo estranho e 
insano.

Ela tem olhos castanhos,
cabelo escarlate
e pele levemente cobreada.
Sorriso delicado - 
radiante como o céu de verão;
sabe se cuidar e 
conhece os becos da noite.

(barco ébrio)
Vaguei pela areia da praia 
durante toda uma madrugada.
Insultei o mar; 
chutei a areia; 
corri feito uma criança louca;
molhei os pés;
deitei para olhar as estrelas;
fumei à espera do amanhecer.

Nos primeiros raios do Sol
assestei o arco e
atirei uma flecha para o céu!
Aguardei seu encontro -
exato - no centro do meu peito.

Aberto.
Nu!

A flecha caiu a metros de distância,
não veio ao meu encontro.
Não se enterrou em mim...

Fitei solenemente
o encontro do mar com o céu.
Dei passos sem rumo.
Me embriaguei com vinho.

Deitei na areia tórrida
e me entreguei ao palácio,
cujo portal é o sonho.

(barco ébrio)